Os Birutas #1
OS BIRUTAS #1

Os Birutas foi a primeira revista de HQ inteiramente escrita e desenhada por Ota e saiu por volta de junho de 1973.
A revista durou três números e teve periodicidade mais ou menos mensal. Os personagens Os Birutas já tinham aparecido antes em tiras diárias no extinto diário carioca O Jornal, entre 1972 e o início de 1973. As histórias do gibi eram inéditas e não tinham sido publicadas antes nas tiras.
Havia seis histórias na revista, sendo que dessas três eram gags envolvendo uma mosca. As histórias maiores eram Vende-se uma Orelha, O Caso do Ladrão de Idéias e A Volta de Hitler, que foi a capa da revista.
Embora no expediente conste que era publicada pela Editora Roval, na verdade era uma edição da extinta Editora Gorrión, que ainda não tinha registro e usava a Roval como testa-de-ferro. O preço (2,50 cruzeiros) era alto para o padrão dos gibis da época, que custavam entre 1,00 e 1,50. O golpe da editora era lançar o maior número possível de revistas para pegar um adiantamento com o distribuidor, e eles estavam lançando qualquer coisa que aparecesse -- por isso toparam publicar a revista do Ota, que na época sabe-se lá por que cargas-d'água estava assinando "Okta"!
Profeticamente, na última página do número 3, havia um anúncio: "No próximo número (se houver), A XEGADA DO XATO!" É claro que o golpe dos editores não ia mudar muito, por isso, como deram um calote no número 3, o Ota não concluiu o número 4.
Poucos meses depois, o Ota foi trabalhar como editor na Editora Vecchi e ficou quase oito anos sem desenhar quadrinhos, já que sua nova atividade tomava quase todo o seu tempo. Nesse período Ota publicou apenas em poucas revistas underground como A Roleta, Vírus e A Mosca.


COMENTÁRIOS DO OTA SOBRE ESTA REVISTA:
    "Eu fui parar nessa editora [Gorrión] meio que por acaso. Era uma espelunca num prédio da Lapa. Eram três sócios: Walter, Victor e Dino. Esse Dino trabalhava no Fernando Chinaglia e facilitava as coisas pros outros dois. Naquela época os jornaleiros pagavam adiantado pelas revistas e só recebiam a grana de volta quando devolviam o encalhe (hoje eles pegam em consignação). O golpe deles era lançar o maior número possível de revistas e receber um monte de dinheiro adiantado, por isso estavam publicando qualquer coisa que aparecesse.
    Eu sabia que eles eram picaretas, mas topei a parada porque queria publicar meu próprio gibi. Pagavam uma mixaria por página: 30 cruzeiros. Tinha que fazer os desenhos em papel vegetal, para eles economizarem o fotolito (depois eu soube que só o preço do fotolito seria mais caro do que eles me pagavam). Eu ganhava quase mil cruzeiros pela revista toda. Era pouco, mas era mais do dobro do que eu ganhava como funcionário na Ebal, onde trabalhava na época.
    Um mês depois eles estavam nadando em dinheiro, pois tinham lançado umas vinte revistas e recebido a grana na frente. todos compraram carro do ano e o escambau. Eu me lembro que a nota mais alta na época era de 500 cruzeiros, e eles sempre andavam com uma na carteira. Eles diziam que era pra subornar os guardas, pois nem carteira de motorista eles tinham. Era muita grana, uma nota de 500 valia uns cinco salários mínimos ou mais. Mais um mês se passou e começaram a vir os encalhes das revistas, que por terem o preço mais alto que o padrão da época venderam de 5 a 10%. Aí eles fecharam a editora e sumiram do mapa por um tempo. Uns dois anos depois abriram de novo com outros títulos, mas a essa altura eu já tinha perdido o contato com eles."


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